sexta-feira, 22 de março de 2013

4. Carta de São Geraldo Majella à Madre Maria de Jesus




4. Carta à Madre Maria de Jesus

Santa Maria da Consolação, 1º abril de 1752.
Assunto e contornos: As dificuldades de comunicação para o mosteiro de Ripacandida acentuaram-se nos primeiros meses de 1752. Isto, contudo, não arrefeceu o relacionamento fraterno. Geraldo pede que se intensifique a união na oração, centrando-a na eucaristia e em Maria. Contudo sabe também valorizar os gestos simples da piedade
popular. A presença eucarística constitui o centro da vida da comunidade religiosa. "Quando participava, durante o dia, da exposição do Santíssimo, apesar de seu cuidado constante em furtar-se aos olhares dos estranhos, Geraldo voltava com o rosto radiante; seu peito ficava agitado e ofegante, sua mente totalmente concentrada, e como que fora dos sentidos, de modo que se via nele um serafim em ato de adoração".
Jesus e Maria!
Minha caríssima, Deus a faça santa em Cristo.
Não posso enganar-me, pois sei muito bem que aí está nosso apaixonado Senhor, que, encarcerado de amor, é visitado freqüentemente pelas suas esposas e por S. Revma., que tem sido a primeira "carcereira".
Por isso eu lhe peço que, com autoridade de caridade materna, mande a todas as suas obedientíssimas filhas que, da minha parte, visitem este seu divino Esposo. Basta que nesta visita rezem em meu nome um só Glória ao Pai. Tenho dito. E ao terminar digam por mim muitas vezes: Senhor, Piedade. (1)
E para o futuro não se esqueça nunca de recomendar-me a este divino ferido de amor, que eu, cada manhã, indignamente na sagrada comunhão jamais me esquecerei de recomendá-las. Quanto à Ave-Maria: rezo-a com toda pontualidade por V. Revma. E as orações habituais são para que o Senhor a visite com sua divina bondade, a fim de que as faça santas. Espero que Ele a console com aquilo que Ele sabe e faz.
Peço-lhe, por amor de Jesus Cristo e de Maria Santíssima, a caridade de enviar-me uma cópia da estatueta de Santa Teresa, porque não tenho mais aquela que V. Revma. me deu (2). Foi-me requisitada por um mosteiro que
a desejava: e para não lhe perder a devoção, fui forçado a dar-lha.
De todas as cartas que lhe mandei não recebi resposta, a não ser da primeira, aquela que me trouxe o Irmão Caetano (3).
Insisto mais uma vez que não se esqueçam de mim, em recomendar-me freqüentemente ao Senhor, porque necessito muitíssimo. E Deus conhece as minhas necessidades habituais.
Osculando suas santas mãos, aqui fico.
Santa Maria da Consolação, 1º de abril de 1752.
De V. Revma., dedicado irmão em Cristo,
Geraldo Majela, do Santíssimo Redentor.
***
Observações:

1) Geraldo pede que as irmãs rezem por ele em uma de suas visitas diárias ao Santíssimo Sacramento e, como ele se sentia grande pecador, pede que implorem repetidas vezes por ele a misericórdia divina, insistindo nesta breve, mas significativa, prece: "Por piedade, Senhor!".
Ripacandida (PZ), um mosteiro carmelita ex - Detalhe da estátua de SãoTeresa de San Gerardo, que pediu a Prioresa um pedaço de sua devoção.

2) Parece que Geraldo se refere a uma pequena peça de pano que servia de hábito a uma pequenina imagem da Santa Fundadora ou talvez ao véu da estatueta. Seja como for, temos aqui um sinal da devoção tipicamente simples e popular de Geraldo: se, de uma parte, ele vê Deus sem "viseira" - como ele mesmo costumava dizer - isto é, em todas as coisas e acontecimentos, de outra parte, dá valor a uma "pequena peça da estátua" de sua querida Santa Teresa! É a sabedoria da devoção popular: perceber a presença de Deus através do frágil véu das pequenas coisas, nos pequenos valores do homem simples.

3) Irmão Caetano era um santo eremita muito amigo de São Geraldo. Vivia nas proximidades da casa de Deliceto.

TRECHO DO LIVRO CARTAS DE SÃO GERALDO MAJELLA

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