sábado, 2 de março de 2013

3. Carta de São Geraldo Majella à Madre Maria de Jesus




3. Carta à Madre Maria de Jesus (1)
Fevereiro/março de 1752
Assunto e contornos: Tannoia nos transmite esse fragmento de carta e nos assegura que ela estava endereçada à Madre Maria de Jesus; não especifica, porém, a data. Os acontecimentos de Ripacandida e a leitura paralela de outras cartas de Geraldo levou Domenico Capone a propor como mais provável os meses de fevereiro/março de 1752.22
"Me encontro cheio de pecados". Geraldo vivia profundamente as palavras de Cristo: "Sejam perfeitos como vosso Pai é perfeito" (Mt 5,48). Sentia-se, porém, profundamente solidário com os pecadores, perdendo, então, sua habitual jovialidade e revivendo neles o mistério da Paixão de Cristo.
Acho-me cheio de pecados! Peça a Deus que me perdoe! Todos se convertem e eu permaneço obstinado. (2)
Tenha paciência, discipline-se (3) por mim, a fim de que sua Divina Majestade me perdoe e me acolha; o mesmo peço a todas as suas filhas.
Estou cheio de aflições e não encontro quem acredite em mim. Deus assim o quer. Quer que eu morra sem compaixão, abandonado por todos!
Assim quero viver e morrer para dar gosto a Deus.
***
Observações:
1) Geraldo pertencia, na época, à comunidade Deliceto. A esta casa acorriam muitos sacerdotes e leigos para fazer retiro espiritual ou para confessar-se. Geraldo participava desse trabalho missionário. Procurava os pecadores e os ajudava, às vezes por meios extraordinários, a libertarem-se do pecado. Nisto, seu mestre era Jesus. Dele e Nele, Geraldo aprendia a pagar pessoalmente pelos pecados do próximo.

2) Geraldo tinha um profundo e íntimo conhecimento de Cristo na cruz, e, assim como Cristo tomou sobre si os pecados do mundo e se ofereceu ao Eterno Pai para pagar por eles, assim também Geraldo, em sua plena identificação com Cristo Crucificado, sentia realmente como seus os pecados do próximo e se oferecia a Deus em paga deles. Por isso diz: "Assim quero viver e morrer para dar gosto ao meu Deus". Como Cristo, cujo alimento era fazer a Vontade de Deus (Jo 4,34), assim também Geraldo queria em tudo, na vida e na morte, "dar gosto ao seu Deus", isto é, cumprir em tudo a divina Vontade, como ele repete freqüentemente em seus escritos. Foi nisto que ele se realizou.

3) "Disciplinar-se" era uma penitência bastante rude, muito usada sobretudo entre religiosos, imitando assim literalmente a flagelação de Cristo. Faziam-no em paga dos próprias pecados ou do próximo. Geraldo pede às monjas "se disciplinarem" em satisfação dos "pecados".

TRECHO DO LIVRO CARTAS DE SÃO GERALDO MAJELLA

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